quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Trabalho em série e Alienação

O trabalhador torna-se tento mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. (Karl Marx)
Desde que Henry Ford pensou e executou a primeira linha de produção em série que a definição de trabalhador se alterou para sempre.
Antigamente quem vendia um produto conhecia-o. Quer fosse o agricultor que vendia os legumes, quer fosse o artesão que vendia instrumentos, ambos conheciam todo o processo por detrás do que estavam a vender. Provavelmente o agricultor sabia exatamente quando é que tinha sido a plantação dos legumes, quantos dias tinha chovido e quantos dias ele os tinha regado. No caso do artesão, ele arranjaria a madeira num estado bruto e trabalhá-la-ia até chegar à forma da guitarra, depois poria as cordas e afiná-las-ia e, ao vender, saberia explicar ao freguês qual o som da sua guitarra: ele era não só um artesão mas também um músico.
Agora, o trabalhador não sabe o que está a fazer. Numa produção em série é confiada uma peça a um trabalhador e o seu conhecimento é restringido à peça que executa, ele apenas conhece e sabe fazer essa peça, não conhece o produto final.
Numa fábrica de automóveis é confiado a um trabalhador a execução de um botão com vários circuitos elétricos e com um diâmetro x. O trabalhador conhece bem esse botão e sabe faze-lo com uma velocidade incrível mas depois, quando pega num dos carros que utiliza esse botão, nem o reconhece. Neste tipo de dinâmicas de produção em série, Marx considera que existe uma alienação dividida em dois tipos: uma alienação da coisa e uma auto alienação. A alienação da coisa surge da relação entre o trabalhador e o produto e que não conhece, que lhe é estranho. A auto alienação resulta da relação entre o trabalhador e o trabalho que ele realiza com sofrimento e com o qual não se identifica.
Marx considera ainda outro tipo de alienação, o  trabalho alienado, que é como que uma junção dos outros dois tipos de alienação. No trabalho alienado, o homem é considerado um ser genérico, que quanto mais trabalha, menos pode possuir e mais se submete ao domínio do seu produto. Voltando ao exemplo, para a fábrica, quanto mais especializado e eficiente for o trabalhador, mais rentável é, sem que haja uma preocupação com o homem. Ocorre uma desumanização do ser, o trabalhador é assimilado como uma máquina e passa a ter de trabalhar como tal. O valor do homem passa a ser igual ou inferior ao da peça que ele produz.
Como consequência do trabalho alienado, o homem afasta-se do seu próprio corpo e aliena a beleza externa, a sua vida intelectual e a sua vida humana. O homem passa a contrapor-se a si mesmo e aos outros da mesma espécie. Ou seja, o trabalho alienado leva a uma alienação da vida genérica, que por sua vez leva a que o homem se aliene dos da sua espécie e da vida humana.
 A alienação do homem e, acima de tudo, a relação em que o homem se encontra consigo mesmo, realiza-se e exprime-se primeiramente na relação do homem aos outros homens. (Karl Marx)