O trabalho e a alienação
Actualmente vivemos num mundo consumista
onde o Homem produz imensa mercadoria e, cada vez mais, valorizam-se os bens.
No entanto, também ele é tido como mercadoria no sentido em que o trabalho
transforma o próprio trabalhador, que produz o objecto, em mercadoria.
O objecto produzido pelo trabalhador,
por sua vez, estabelece com ele uma relação de estranheza, o produto do seu
trabalho é lhe tido como estranho, independente a ele.
Consequentemente, como Marx refere “A
realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização
do trabalhador, a objectivação como perda e servidão do objecto, a
apropriação como alienação.” (O Trabalho Alienado, p. 159). Desrealização
porque o trabalhador não cumpre o seu objectivo de vida, invalida todas as suas
opções; a objectivação é o processo a partir do qual o trabalho produz um
objecto físico e, portanto, há a objectificação de algo, o próprio trabalho
transforma-se em objecto; por fim, a alienação é a apropriação do objecto, isto
é, é a transformação do trabalho em objecto, que existe independente e estranho
do trabalhador, sendo que o objecto domina o homem.
A partir deste assunto da alienação
surge uma questão: será que somos nós que possuímos as coisas ou são as coisas
que nos possuem?
Marx responde a esta questão: “ O
trabalhador põe a sua vida no objecto; porém, agora ela já não lhe pertence a
ele, mas ao objecto.” (O Trabalho Alienado, p. 160)
Estamos
perante uma auto-alienação. O trabalhador cansa-se a si mesmo e deixa que o
mundo dos objectos se torne inevitavelmente mais poderoso. Deixa que este se
apodere dele e o homem deixa de pertencer a si próprio. Logo, o seu interior é
enfraquecido e coloca toda a sua vida no produto.
Marx
estabelece uma comparação interessante entre o ser humano e o ser animal:
“Chega-se à conclusão de que o homem (o trabalhador) só se sente livremente
activo nas suas funções animais – comer, beber e procriar, quando muito, na
habitação, no adorno, etc.- enquanto nas funções humanas se vê reduzido a
animal. O elemento animal torna-se humano e o humano animal.” (O Trabalho
Alienado, p. 162). De facto, o trabalho alienado toma conta da vida do
homem e separa-o da natureza, aliena o próprio homem e a sua intelectualidade
humana.
Concluindo, hoje em dia observa-se
aquilo a que se chama anomia, as pessoas deixam de ter nome, fazem parte de uma
multidão sem nome e há uma perda dos valores simples e tradicionais em favor de
valores fúteis, como o consumo. O processo da alienação trava-se na nossa
cabeça e apenas nós podemos agir.