quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O trabalho e a alienação

Actualmente vivemos num mundo consumista onde o Homem produz imensa mercadoria e, cada vez mais, valorizam-se os bens. No entanto, também ele é tido como mercadoria no sentido em que o trabalho transforma o próprio trabalhador, que produz o objecto, em mercadoria.
O objecto produzido pelo trabalhador, por sua vez, estabelece com ele uma relação de estranheza, o produto do seu trabalho é lhe tido como estranho, independente a ele.
Consequentemente, como Marx refere “A realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização do trabalhador, a objectivação como perda e servidão do objecto, a apropriação como alienação.” (O Trabalho Alienado, p. 159). Desrealização porque o trabalhador não cumpre o seu objectivo de vida, invalida todas as suas opções; a objectivação é o processo a partir do qual o trabalho produz um objecto físico e, portanto, há a objectificação de algo, o próprio trabalho transforma-se em objecto; por fim, a alienação é a apropriação do objecto, isto é, é a transformação do trabalho em objecto, que existe independente e estranho do trabalhador, sendo que o objecto domina o homem.

A partir deste assunto da alienação surge uma questão: será que somos nós que possuímos as coisas ou são as coisas que nos possuem?
Marx responde a esta questão: “ O trabalhador põe a sua vida no objecto; porém, agora ela já não lhe pertence a ele, mas ao objecto.” (O Trabalho Alienado, p. 160)

            Estamos perante uma auto-alienação. O trabalhador cansa-se a si mesmo e deixa que o mundo dos objectos se torne inevitavelmente mais poderoso. Deixa que este se apodere dele e o homem deixa de pertencer a si próprio. Logo, o seu interior é enfraquecido e coloca toda a sua vida no produto.
            Marx estabelece uma comparação interessante entre o ser humano e o ser animal: “Chega-se à conclusão de que o homem (o trabalhador) só se sente livremente activo nas suas funções animais – comer, beber e procriar, quando muito, na habitação, no adorno, etc.- enquanto nas funções humanas se vê reduzido a animal. O elemento animal torna-se humano e o humano animal.” (O Trabalho Alienado, p. 162). De facto, o trabalho alienado toma conta da vida do homem e separa-o da natureza, aliena o próprio homem e a sua intelectualidade humana.
Concluindo, hoje em dia observa-se aquilo a que se chama anomia, as pessoas deixam de ter nome, fazem parte de uma multidão sem nome e há uma perda dos valores simples e tradicionais em favor de valores fúteis, como o consumo. O processo da alienação trava-se na nossa cabeça e apenas nós podemos agir.