Atualmente estamos rodeados por uma praga de smartphones. São sem dúvida uma praga, estão por toda a parte; uns
pequenos aparelhos, aparentemente muito simples, mas, na verdade, no seu
interior está um imenso mundo virtual que tem uma grande influência sobre todos
nós.
Qualquer um de nós olha em volta e vê alguém com um destes telemóveis.
Qualquer um de nós conhece alguém que tenha um telemóvel destes, aliás, a maioria
de nós tem um smartphone. Android ou
IOS, não interessa. Estes sistemas têm um poder assoberbante sobre as nossas
vidas. Conseguem arrancar-nos do mundo real e levar-nos para um mundo que nos
abre portas para qualquer coisa que queiramos saber, ver ou fazer. É um mundo
infinito, que está à nossa disposição. É um mundo que nos atrai e que nos leva
a segui-lo todos os dias, todas as horas.
Notificações do facebook ou
do instagram; um e mail ou uma mensagem; uma chamada perdida ou uma chamada por
fazer. Pequenas ações que nos fazem carregar num botão e começar a divagar.
Estes pequenos movimentos são tão simples e viciantes que, certo dia, nos vemos
a olhar constantemente para o telefone, a não conseguirmos sair de casa sem
ele, a ficarmos ansiosos por algum
som ou luz vindos daquele aparelho. Ficamos viciados neste “pequeno” mundo,
algo a que já se deu o nome de- Nomofobia-, ou seja, a nossa dependência
dos smartphones. Esta dependência
relaciona-se com a seguinte expressão de Marx “O trabalhador põe a sua vida no
objeto; porém, ela agora já não lhe pertence a ele, mas ao objeto”, ou seja, ao
darmos demasiada atenção ao nosso telefone, este torna-se numa esponja que nos
absorve e que, por isso, nos torna dependentes dele. A nossa vida acaba por ser
gerida pelo nosso telemóvel, pois este ganha um grande poder sobre as nossas
ações. Marx diz ainda “Com a valorização do mundo das coisas aumenta em
proporção direta a desvalorização do mundo dos Homens”, ou seja, as pessoas acabam por sobrevalorizar o telemóvel, algo
material, deixando as relações interpessoais para segundo plano.
Isto é algo normal na sociedade atual e é verdade que os smartphones têm as suas vantagens, mas
será que vale a pena ficar vidrado neste mundo material, neste objeto que é
meramente superficial? Será que damos o devido valor aos telemóveis ou
realmente exageramos na sua utilização? Será que durante um almoço com amigos,
vale a pena estarmos a tirar fotografias à nossa salada César e partilhá-la nas
redes sociais, em vez de conversarmos e respondermos à pessoa que está ao nosso
lado? Vale a pena tudo isto?