Depois de dias a moer a cabeça sem saber sobre o que escrever, sonhei que me tinham roubado o meu carro, ameaçando-me com uma arma branca. Era um grupo de seis indivíduos dos quais eu, não sei como, conhecia um. Ignorando o sonho e passando ao lado simbólico da coisa; e se fosse realidade? Será que foi? Bem... Acho que não, quando saí para usar o carro ele continuava parado à porta de casa.
Que direito algum tem um grupo de tipos de me tirar o que é meu, agora sim, por direito? E se eu contrariasse? Se não deixasse que me roubassem? Morria, hipoteticamente, por defender a moral?
Diz Immanuel Kant "Aja de forma a que os seus princípios possam seguramente tornar-se lei para todos."
Seguindo esta lógica deveria dar o exemplo e impor-me ao assalto... Mas como o ser-humano é por norma egoísta acho que não seria capaz de o fazer. Preferia e prefiro salvaguardar a minha vida. A dualidade entre o empírico (o carro) e o metafísico (a minha vida e o meu bem estar) está bem presente neste exemplo. Não faria sentido deixar que me deitassem ao lixo em troca de um objeto tão superficial. Todavia, ainda que me dê jeito na sua utilidade.
Penso também da perspetiva dos assaltantes... Será que fizeram aquilo porque precisavam? Por puro gozo? Para se sentirem com um mínimo de autoridade e presença? De qualquer das maneiras não concordo com o ato, não o percebo nem o quero perceber. Eu fiquei a perder, mas quem realmente ficou a perder foram eles. Perderam dignidade, integridade, moral e muito mais. Mas quando se entra num ciclo vicioso de ócio, desinteresse e degradação é muito complicado de voltar a sair. A questão aqui é: que importância têm estes valores para eles?