domingo, 24 de novembro de 2013

Publicidade: Um jogo que nunca ganhamos


Hoje em dia a sociedade é ainda mais dominada pela publicidade do que alguma vez no passado. O mundo do ser humano é complexo. Existem inúmeros conceitos que dominam, caracterizam e influenciam a sua mente.
Marx, Althusser e Fiske, entre outros,  reúnem teorias ideológicas para tentar desvendar o comportamento humano em relação à venda e posse de mercadorias.
Na obra “Marx, Freud e a Critica da vida Quotidiana” vemos uma enorme relação com os textos de referência como na obra “A industria cultural” de Adorno e Horkheimer, “Introdução ao Estudo da Comunicação” de John Fiske, referências à “Sociedade de Consumo de Baulliard” entre outros.

Bernays enuncia as teorias de Freud direcionando-as para o consumismo, com o intuito de reanimar a sociedade americana depois do Crash da bolsa, aumentando a comercialização de bens dispensáveis e dando  origem a sociedades consumistas como as conhecemos hoje. 
Enuncia que as pessoas se comportam segundo o ideal de “manada”, ou seja a vontade de possuir o que toda a gente tem, e fazer igual porque todos o fazem e ainda apelando às emoções do comprador levando-o a desejar algo de que não precisa. Baseando os seus princípios nestas ideias, assume as pessoas como seres irracionais. Temos o exemplo da revolução que se deu quando as mulheres começaram a fumar, com a campanha publicitaria que foi da sua autoria, levando-as a querer assumir um papel de poder sobre o homem, apelando ao sentido ideológico do cigarro em termos simbólicos da mente, um símbolo de independência e vontade livre. 


A forma como o homem hoje em dia é dominado pela publicidade, pela manipulação e pela indução de formulações estereotipadas,  é algo que já é pensado há muito tempo.
Um dos temas debatidos na Indústria Cultural é “A publicidade, a mentira que parece mais verdade que a vida estupidamente monótona. Ideologia” 

Hoje em dia a sociedade é caracterizada pela azáfama, pela inquietação, a incerteza, por isso os anúncios focam-se em vender isso, mais do que vender os objectos ou os serviços em si. 
Marx enuncia “á primeira vista , uma mercadoria parece uma coisa evidente, trivial. A sua análise mostra que é uma coisa retorcida, cheia de subtileza metafísica e extravagância teológica”. 

A Apple é um exemplo de uma marca que produz anúncios segundo as ideias de Marx e de Freud, para a sua estratégia de venda. Grande parte dos anúncios da apple vendem a ligação entre as pessoas, as emoções que através dos gadgets da marca são alcançáveis. No anúncio do “facetime” funcionalidade do género “skype” apenas da apple, lançado por volta de 2010, a marca faz alusão a todos os momentos do quotidiano que em todo o mundo que qualquer pessoa gostava de recordar; A apple vende a ideia dos momentos, a recordação das emoções que pode ser melhor captada e recordada através dos seus “devices,” escolhendo selectivamente os momentos que capta, tentando emocionar o espectador. Dá ao comprador a ilusão de que se comprar o aparelho irá alcançar a ilusão de valores experienciada no anuncio, como o tempo, a proximidade da família mesmo enquanto longe, a presença constante, a possibilidade de viajar e conhecer o mundo com um “device” que lhe permite gravar tudo o que desejar nunca mais esquecer. 
Como já referi, Adorno e Hornkheinmer concordam, que a publicidade vende-nos a ilusão de um mundo desejável; faz-nos acreditar que o podemos ter se o comprarmos, e ao comprarmos criamos a ilusão de que o nosso mundo melhora. Durante os cinco segundos a novidade paira na nossa vida. Quando se torna nosso, quando pertence ao nosso mundo esse objecto já não é mais extraordinário e já surge o desejo de comprar outro. 






O mundo já fez publicidades elementares, cheia de relações controversas, mas hoje em dia  já vale tudo. Já vale vender emoções, esperanças até a publicidade enganosa; numa sociedade que se auto destrói em função do capitalismo e do favorecimento da minoria forte que domina a classe trabalhadora, já vale de tudo para a manipulação surtir o consumismo desejado. 
Fiske no seu estudo de ideologias enuncia princípios como comodificação que explica quando enuncia“ o capitalismo é um sistema que, mais do que qualquer outro, produz comodidades. Por isso, fazer com que essas comodidades pareçam naturais está no âmago de muita pratica ideológica”.
Um exemplo de como a manipulação nos circunda e se serve destes princípios,  começa nos centros comerciais, em que os artigos dispostos nos expositores foram criteriosamente estudados de forma a que os mais caros incidam sobre o nosso nível de visão, e os mais baratos se encontrem em locais menos acessíveis, como se a comodidade de agarrar o primeiro objecto fosse o suficiente independentemente do preço dele. Bem como a junção de elementos alimentares que geralmente se comem acompanhados e que se encontram expostos nos super mercados. Exemplo disso são as batatas fritas que muitas vezes têm ao lado molhos ou bebidas, levando o comprador a associar às batatas um molho, e por sua vez devido ao excesso de sal que têm, a uma bebida, que se tornam apelativos por estarem imediatamente à sua frente, e o relembram, criando um desejo que à partida não tinha. 

“O conceito de ideologia como falsa consciência era muito importante na teoria de Marx, pois parecia explicar a razão porque a maioria das sociedades capitalistas, aceitava um sistema que a desfavorecia. No entanto,  Marx acredita que a “realidade económica tinha mais influencia do que a ideológica. (…) numa sociedade justa e igualitária não há necessidade de ideologia, porque todos terão uma “verdadeira consciência” de si mesmos e das suas relações sociais. 
A ideia de consciência leva-nos a pensar: quão cientes estamos dos mecanismos a que somos submetidos por esta sociedade capitalista de domínio de massas.
Joana Guarda 6909