quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Querer/Precisar/Falsa liberdade?

Atualmente existe uma abundância de objetos, serviços e bens, que, por sua vez, faz aumentar o consumo e a dependência dos indivíduos pelas coisas. Acredito que os homens de hoje não se encontram rodeados de outros homens (como anteriormente acontecia), mas sim, rodeados de vários objetos. Os conceitos de ambiente e ambiência mudaram a partir do momento em que nos “desligámos” mais do contacto entre humanos e nos interessámos mais pelas coisas materiais que possuímos.
Vivemos numa sociedade de consumo; e vivemos, consequentemente, numa sociedade de desperdício; gastamos sempre muito mais do que o estritamente necessário, pois este consumo vai para além da necessidade. Criou-se, deste modo um círculo vicioso, onde o objeto é criado; usado e destruído, de maneira a dar lugar a outro que tem a mesma função e ainda outras adjacentes, ou simplesmente porque esse objeto já não interage com outro: já passou de “moda”. A triste verdade é que cada vez mais os objetos têm uma duração muito menor – Tudo tem valor na medida em que se pode trocá-lo, não na medida em que é algo em si mesmo ª. Se formos a ver: os computadores, os telemóveis, os tablets e as consolas são um bom exemplo do excessivo consumo e dependência dos mesmos. Já não podemos mais passar sem eles, e quase que se torna obrigatório possuir tudo o que faça parte desse grande conjunto, não só pela questão de nos “encaixarmos” socialmente mas também porque os media nos fazem crer que eles necessitam uns dos outros.
É incrível pensar que somos insaciáveis; sempre há procura de mais e melhor, não encontrando nunca as coisas que nos satisfaçam por completo. Isto leva-me a questionar se, em vez de sermos persuadidos a consumir, somos totalmente manipulados e que deixamos de ter vontade própria, devido à panóplia de fatores e informação de que dispomos e dos quais não nos conseguimos livrar…


ª dos excertos indexados de A Cultura Industrial. O iluminismo como mistificação das Massas, Max Horkheimer e Theodor Adorno