Ainda há pouco tempo estive presente numa
discussão acerca do valor dos laços de sangue entre membros da mesma família.
Questiono-me sobre o que serão estes mesmos laços de sangue e qual é a sua
influência na vida do Homem atual.
Já ouvi que “amamos os nossos familiares devido aos laços de sangue, à ligação genética”, “que nós não escolhemos a nossa família” e outras afirmações do género. Sinto-me na obrigação de assumir a minha posição e afirmar que para mim estas declarações não fazem muito sentido. As relações familiares muito se alteraram ao longo dos anos e dos lugares.
Hoje, no meu país e cultura, devo dizer que devido aos meios de comunicação, já não existe o mínimo pudor em demonstrar os sentimentos e a hiperbolizá-los, daí este “incondicional”. Todas as relações entre pais e filhos se baseiam numa partilha de vivências do dia-a-dia, desde o primeiro dia de vida, que vão construir, inevitavelmente, uma ligação muito forte entre os membros.
O instinto de proteção, totalmente natural que existe dentro de nós, na minha perspetiva, é o fator-chave destes laços familiares, quer de sangue, quer culturais. Este, a cada dia que passa é cada vez mais adulterado, transformando-se, assim em cultural e, consequentemente, o causador do desenvolvimento das relações familiares atuais.