sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O novo, novo

Numa absorção total, somos sugados para aquele que é o mundo, a dimensão das coisas belas.
Numa constante observação das formas, das curvas perfeitas, das rectas perfeitas, daqueles que são automaticamente os  pontos de físicos da questão, pontos palpáveis, pontos de contacto.
O gosto cai sobre o físico, o concreto, óbvio. 
Foge-se àquilo que são os as estruturas e o seu papel, vai-se em busca de uma certa tipologia de poder e de demonstração do mesmo, querendo-se acima de tudo o perfeito, o estável, o seguro.
Voltamos a encontrar uma catedral no meio de igrejas, uma chave-mestra num porta-chaves carregado.
Este é aquilo que procuram, o ideal.
Este é Aquele...
Quase como que um só, as partes se unem, se moldam em conjunto, se transformam no superlativo do gosto, a sua metamorfose.
Apura-se o gosto, a sua direcção e unificação, produz-se uma comunicação mais idealista entre o mundo material e o humano, atinge-se o pragmático unificado com o belo, numa constante valorização dos mesmos.
Tudo se resume naquele momento, naquele instante em que o racional é invadido pelas emoções.
Assim descreve Roland Barthes em “ «O Novo Citroen» em Mitologias”, o gosto surge de uma forma tão alienada à realidade, que confunde sensações e matérias. Contudo não é uma situação de uma caso só, não se trata de um comportamento momentâneo, todo este desejo e loucura pelo poder, pelo bom, pelo ideal, transita de época para época como o sol, e cresce e modificada a sociedade.
Somos hoje quase que moldados por isso, pelas coisas a que damos valor, e tudo vem daí, das coisas….
São as “coisas” que cada vez mais detêm o poder, ou melhor, nós escolhemos que assim seja, nós os racionais. Trata-se de uma constante desumanização.