Numa
absorção total, somos sugados para aquele que é o mundo, a dimensão das coisas
belas.
Numa constante observação das formas,
das curvas perfeitas, das rectas perfeitas, daqueles que são automaticamente os
pontos de físicos da questão, pontos palpáveis, pontos de contacto.
O gosto cai sobre o físico, o
concreto, óbvio.
Foge-se àquilo que são os as
estruturas e o seu papel, vai-se em busca de uma certa tipologia de poder e de
demonstração do mesmo, querendo-se acima de tudo o perfeito, o estável, o seguro.
Voltamos a encontrar uma catedral
no meio de igrejas, uma chave-mestra num porta-chaves carregado.
Este é aquilo que procuram, o
ideal.
Este é Aquele...
Quase como que um só, as partes se
unem, se moldam em conjunto, se transformam no superlativo do gosto, a sua
metamorfose.
Apura-se
o gosto, a sua direcção e unificação, produz-se uma comunicação mais idealista
entre o mundo material e o humano, atinge-se o pragmático unificado com o belo,
numa constante valorização dos mesmos.
Tudo se
resume naquele momento, naquele instante em que o racional é invadido pelas emoções.
Assim descreve
Roland Barthes em “ «O Novo Citroen» em Mitologias”, o gosto surge de uma forma
tão alienada à realidade, que confunde sensações e matérias. Contudo não é uma situação
de uma caso só, não se trata de um comportamento momentâneo, todo este desejo e
loucura pelo poder, pelo bom, pelo ideal, transita de época para época como o
sol, e cresce e modificada a sociedade.
Somos hoje
quase que moldados por isso, pelas coisas a que damos valor, e tudo vem daí,
das coisas….
São as “coisas”
que cada vez mais detêm o poder, ou melhor, nós escolhemos que assim seja, nós
os racionais. Trata-se de uma constante desumanização.