"La Haine", filme produzido por Mathieu Kassovitz relata a vida de três jovens imigrantes que vivem nas periferias de Paris, o filme situa-se no contexto das revoltas urbanas em França de 1991.
O tema fulcral é a repressão violenta que o governo faz aos moradores dessas periferias, passa-se durante as vinte e quatro horas de Vinz (o judeu), Said (o árabe) e Hubert (o africano) com o perigo eminente da polícia. O ódio começa quando Abdel Ichah, um árabe de 16 anos e amigo dos três, fica em coma após um interrogatório brutal da polícia.
A vida quotidiana destes três imigrantes demonstra a desigualdade social existente naquela época, repleta de violência. Estes jovens não têm uma visão de futuro da sua vida, pois estão inseridos numa "cultura" muito própria onde as relações são estabelecidas com a violência e a exclusão, a isto Albert Cohen e Alessandro Baratta referem-se como "subcultura delinquente", uma cultura onde as hierarquias são semelhantes e onde a solução de problemas sociais e económicos são a de completa adaptação sem ter resultados no mínimo satisfatórios por parte das culturas "superiores". Estas revoltas que levam à destruição sem qualquer lucro, contêm uma qualidade política apesar da irracionalidade e da violência expressa, porém com carácter de reinvindicar algo.
Um dos aspectos mais reais do filme é a influência capitalista dos Estados Unidos no mundo inteiro, aspecto existente numa cena onde Vinz encontra uma arma de um polícia e finge ser Travis Bickle de Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese.
Frases presentes no filme como "O mundo é seu" expressam a cultura de consumo existente na sociedade. O desequilíbrio entre o consumo e a estrutura económica atinge maioritariamente os jovens e acrescenta problemas de aceitação social e de estilo, também afecta a nível de mercado de trabalho para esses jovens que são negados pelo sistema governamental.
Temos ainda mais recente os casos de execuções feitas por polícias nas periferias de São Paulo em Maio de 2006, onde as frustrações e necessidades aumentaram e houve revoltas atrás de revoltas sobre a política repressora e acabaram por ser só mais umas vítimas.
Em "La Haine" sentimos uma sociedade em decréscimo social. por muito avançada e desenvolvida que seja, pois usa formas violentas para dominar as subclasses marginalizadas.
"So far so good... So far so good... How you fall doesn´t matter. It´s how you land!" - fala de Hubert
http://www.youtube.com/watch?v=6IHO1LzLgIg