segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Reprodutibilidade à distância de um 'click'

O aparecimento da fotografia trouxe consigo não só uma nova forma de arte, mas simultaneamente uma nova forma de ver a arte. Walter Benjamin explora em “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica” os efeitos desta reprodutibilidade sobre a arte, apontando a possibilidade de reprodução e a proximidade criadas pela fotografia entre o objeto fotografado e o observador do retrato como quebras com os conceitos de unicidade, autenticidade, o “aqui e agora” até então característico de qualquer obra de arte, espaço…
Atualmente é possível afirmar que esta inicial proximidade conseguida pela fotografia entre obras de arte (ou qualquer objeto, lugar…) e o público foi sem dúvida dinamizada através da internet. A “distância de um click” permite a qualquer pessoa “viajar” para os mais longínquos locais, observar diferentes obras de arte, ou seja, estar em todo e qualquer lugar sem sequer sair do mesmo local.
Apesar dos benefícios que se possam tirar desta proximidade, visto fazer chegar a um público mais abrangente e de forma rápida peças que só seriam contempladas na visita ao seu local de exposição, o conhecimento tirado desta contemplação é apenas um conhecimento virtual, possível. A experiência direta não pode ser substituída pela representação do objeto. 
O desejo de ultrapassar a condição humana, vencer limites através da reprodutibilidade técnica de obras de arte e não só, apresenta-se certamente como uma forma de progressão na medida em que permite um contato aparente com diferentes peças. Porém a experiência e contato direto com diferentes obras de arte, o carater único, autêntico, o “aqui e agora” de cada peça só poderá ser contemplado no encontro direto com cada peça, estando a fotografia, a internet ou qualquer outro meio dinamizador de informação incapazes de superar.