À partida no culminar das ideias não se ressaltou em mente nenhum tema em particular que definisse uma meta mais consistente no meu trabalho. Dias e dias passaram e instantaneamente fez-se luz que melhor se pode definir antes como a pequena faísca que vem um pouco antes do exceder das labaredas (pequena porque digo sinceramente que esta escolha não foi fruto de uma grande reflexão produtiva da minha parte).
Tomei, no entanto, esta hipótese com consideração na medida de ser um tema algo superficialmente representado como um dos valores não essenciais à vida mas como um dos bens melhores que podemos ter, além de ser um dos aspectos com os quais mais nos confrontamos diariamente. Pessoalmente, é um tema de que eu nunca gostei muito de falar particularmente mas que desde a infância com rancor e repugnância me levantou sérias e inquietantes dúvidas a respeito dos seus valores de origem: como algo tão belo pode se tornar sujo e mortífero em breves instantes?
Isto pode gerar um debate uma vez tendo em conta que mais do que qualquer outro valor este pode interferir mais propriamente nas nossas escolhas pessoais podendo até certo ponto condicionar o nosso temperamento pondo em causa a nossa paz de espírito tratando-se de coisa tão inconstantemente definida que sabemos o que é melhor se o sentirmos verdadeiramente no nosso âmago.
Logo partindo deste princípio sinto que poderia ser de facto uma possibilidade tida em conta como bom exemplo sintomático de factores naturais e crenças subjetivas que nos fazem viver o quanto por vezes nos fazem querer desaparecer: a paixão funciona como um explosivo que uma vez detonado sob o seu impacto tendemos a perder de certo modo alguma capacidade de raciocínio se estivermos expostos a uma "estupidificante nuvem cor de rosa" que nos infecta viciosamente por dentro como uma chama envolta no nosso hipotálamo.
Mesmo sendo um sentimento que se ocupa do nosso estado de espírito maioritariamente em causa da presença de um determinado indivíduo na nossa jornada ao qual liricamente designamos de "objeto amado", foi tratado em que tempos também por se tratar de um conjunto de sintomas aos quais o psiquiatra americano Donald Klein designou de "Disforia Bisteróide", afirmando com base nos seus ensaios que nem os antidepressivos convencionais e a psicoterapia garantiam resultados para que estes fossem atenuados sobretudo no caso de mulheres apaixonadas.
Então pode-se assumidamente dizer que estamos diante de vários dilemas com base nas suas insconstâncias imateriais que tendem mesmo a corroer a nossa matéria (mesmo a que diz respeito à nossa identidade e forma de agir).
É com intuito de clarificar melhor o modo como este tema e os seus respetivos meios de expressão se inserem quotidianamente conforme os diferentes conceitos desenvolvidos em aula que no âmbito da disciplina de Cultura Visual tenciono desenvolver este paper com base nas suas diferentes significações que a nós nos transmitem a ideia de que é um fenómeno que se propaga mais extensivamente segmentando-se com outros focos que não só dizem respeito à própria pessoa mas também que dizem respeito à materialização do amor como pretexto para as indústrias supersticiosas e para os padrões ideológicos expressos pelos media.