Os homens são diferentes das suas
representações, porém são elas que possibilitam o nosso conhecimento sobre as
coisas, sejam elas simples objectos do quotidiano, com simples utilizações
práticas, ou até mesmo seres humanos. O ser humano pensa em si mesmo, na sua
fisionomia, personalidade, gostos pessoais, nas suas escolhas, virtudes e
defeitos construindo assim uma ideia daquilo que é na realidade. Esta ideia é
diferente da realidade, pois a
consciência não se pode sobrepor ao ser consciente (Karl Marx e Friedrich Engels
(1932/1976)-A ideologia Alemã, vol.I. Lisboa: Presença, pp25). É esta
capacidade de representação de nós próprios e de consciência de que existimos,
tal como de que desaparecemos, que faz com que o ser humano seja capaz de fazer
coisas como o sublime e o belo, mas também coisas opostas e completamente
nefastas.
Essa consciência de que somos
alguém, inserido numa sociedade, num mundo em que convivemos com tantas outras
pessoas que tal como nós têm esta capacidade de se representarem, faz com que
em muitos casos seja necessária a criação de um estilo próprio, que crie uma
identidade diferente das que nos rodeiam. As tendências sempre existiram, mas
assistimos cada vez mais a uma atitude de ruptura com esses padrões ditados
pela moda e uma necessidade de criar um estilo próprio. Ser diferente é nestes
casos a moda, ou seja, desafiar as normas daquilo que seria esperado, daquilo
que seria provável. Se é “normal” ser loiro ou moreno, ao pintar o cabelo de
uma outra cor pouco habitual posso estar apenas a manifestar o meu gosto por
ter o cabelo dessa cor ou posso estar a querer impor-me como alguém que não
quer fazer parte da massificação da moda ou simplesmente que pretende chamar à
atenção, o facto de alterar a cor do cabelo ou vestir algo que a maior parte
das pessoas não vestiria, pode não significar nada ou nem sequer ser consciente.
Mas, num mundo em que tudo faz parte da moda, tudo já foi inventado, tudo já existe como esperamos que exista, cada vez mais é visível a necessidade de ruptura com o “normal” e a criação do “diferente”, sendo que este “diferente” cada vez mais se torna numa moda. Esta ideia do diferente chega até a ser utilizada como produto para venda, como é o caso de alguns cantores. Vemos cada vez mais um grupo de cantores que têm como grande objecto de venda, a sua imagem, quase como se as roupas, penteados excêntricos e outras estratégias comerciais pudessem ser mais relevantes que a voz, estilo musical, afinação, etc… Usam o que ninguém usaria e que nunca foi utilizado como material para vestuário, têm todos os penteados possíveis e imaginários, mudando várias vezes a cor e o corte, utilizam assessórios improváveis, fazem vídeo-clipes bastante atractivos com novas soluções o mais arrojadas possíveis, quase cultivando o impossível de ser alguém que não existe e que se diferencia de tudo o resto.