segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Vergonha



A nossa sociedade é um organismo “vivo” e em constante metamorfose. Nós fazemos parte desse organismo. O que fazemos, o que pensamos, como o fazemos, porque o fazemos, tudo isso influência o seu rumo. “Do pequeno se faz o grande.” Se pensarmos desta forma, e se começarmos a lutar pelo que acreditamos, a mudança com certeza virá logo atrás.
  Slut shaming, já ouviram falar? Não é um termo que faça parte do nosso cotidiano, mas não é por isso que merece menos consideração da nossa parte. Inspirada pelo livro o Segundo Sexo de Simone de Beauvoir, decidi continuar dentro da temática tida como feminista, mas desta vez falar sobre algo mais contemporâneo. É algo relativamente recente, mas que traz consigo correntes culturais muito antigas, que têm estado presentes nas nossas vidas desde há muitos anos.
   Então o que é slut shaming? É o ato de compelir uma mulher a fazer-se sentir culpada ou inferior devido à prática de certos comportamentos que se afastam das “expectativas tradicionais” de seu género. Estes comportamentos incluem, dependendo da cultura em que se encontra (mas de uma forma geral), possuir um grande número de parceiros sexuais, ter relações sexuais casuais, agir ou vestir-se de uma forma que é considerada excessivamente sexual. Simplificando, é uma tentativa de impedir que a mulher disfrute da sua liberdade sexual. E  ao praticar certos destes comportamentos, é transformada num alvo a abater, ao objetificar a mulher e os seus comportamentos, as pessoas acham-se no direito de julgar, criticar, e até culpabilizar a mulher de forma implacável. No entanto quando se trata de um homem, a situação é tida de maneira diferente, a sociedade tem para com o homem e a sua autonomia sexual uma postura muito mais aberta e até vista como natural, ao contrário da mulher.
  O slut-shaming atua de forma a policiar e restringir a sexualidade feminina e a sua expressão, definindo os limites do comportamento sexual aceitável. É também utilizado como forma de culpar a vítima por ter sido violada, declarando que o abuso foi causado (em parte ou no todo), devido à mulher, por se vestir de determinada forma ou agir de forma atrevida e imoral, incitando assim “conscientemente”, o abusador a atuar como atuou, e ilibando a culpa do transgressor. Como se o homem se tratasse de um simples animal incapaz de se conter ou raciocinar como qualquer ser humano consegue. É por estes e outros motivos que estes tipos de comportamentos face à mulher são extremamente perigosos e retrógrados e devem ser evitados de todo e impedir que continuem a ser vistos como valores comportamentais “normais”. Recentemente tem começado a haver uma aderência por parte das mulheres e homens, para contradizer então o slut-shaming, sendo que apareceram assim as Slut Walk. Basicamente são manifestações a demonstrar o descontentamento face a este tipo de bullying.
  Quanto a mim creio que tanto as mulheres como os homens, têm todo o direito expressarem-se e serem quem quiserem ser, e fazê-lo da forma que acharem mais apropriado e do seu gosto, desde que não prejudiquem ninguém durante esse processo. Seja a vestir-se de uma certa maneira, ou ter comportamentos tidos como não tradicionais. Todos temos esse direito, e não deveríamos ter medo ou receio de sermos sujeitos a discriminações e julgamentos devido a isso.
  Deixo aqui alguns vídeos sobre este tema, que achei serem pertinentes para este post: