sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mundo feminino

John Fiske, na Introdução ao Estudo da Comunicação, faz alusão à ideologia como o meio através do qual uma ideia passa a ser aceite na sociedade como natural. Analisa ideologicamente uma página antiga da revista Seventeen, que tem como público o sexo feminino, na qual apela as mulheres à importância da aparência e à domesticidade.
O intuito da página é mostrar a transformação da rapariga na mulher perfeita, que surge com a cara maquilhada de forma a infantilizar o rosto, que cozinha para toda a família e nunca se suja, mantêm-se sempre limpa. Esta é uma forma de agradar aos homens, segundo Fiske “As mulheres são desta forma incentivadas a verem-se (a darem sentido) a si mesmas através dos olhos do sexo oposto, o sexo dominante”.
Apesar da página ser antiga, ainda hoje isto se passa contudo de forma ligeiramente diferente, as mentalidades mudaram e os gostos também. A maquilhagem, por exemplo, se antes aparecia como forma de embonecar o rosto, com olhos grandes e bocas bonitas, porque era isso que mais agradava ao homem, agora surge como forma de tornar os traços do rosto mais exóticos, com olhos rasgados e lábios volumosos. A mulher constrói-se a si mesma como um objecto atraente para o homem.
São muitas as mulheres que se deixam levar por estes estereótipos de mulher perfeita. No entanto, há outras que lutam contra isso porque praticá-lo seria vender-se ao sistema e ser algo que não é. A ideologia encontra muitas vezes resistências que só conseguem ser ultrapassadas com vitórias hegemónicas, mas estas são instáveis porque as resistências apesar de poderem ser ultrapassadas, nunca são conquistadas.
            As mulheres participam na hegemonia quando aceitam estas comodidades, que vão a favor de uma ideologia que vai contra os seus interesses, na qual submete-se ao poder masculino.

            Concluindo, a hegemonia nunca consegue o consentimento geral em relação à ideologia que domina. Há e continuarão a haver mulheres, mais rebeldes e progressistas, que desafiarão as mais tradicionais como resistência à comodificação.