Arte Invisível

O que é que eu posso esperar da minha cultura? Do meu futuro? O que é que eles têm para me oferecer, ou o que é que eu posso fazer para oferecer algo aos outros?
Este é um dos dilemas que me persegue diariamente! A verdade é que estou a tornar-me adulta e com esse crescimento apercebo-me da forma como as pessoas na cultura contemporânea se comportam, de como é que me posso integrar nela mesmo discordando de outros e, obviamente, de como posso contribuir para ela. O futuro é algo que me preocupa e assusta, porque sei que não estou a seguir o caminho mais fácil para obter uma profissão segura, que me dê sustento e meio de subsistência. Estou a remar contra a maré, estudando para ser pintora e o meu objectivo de vida é contribuir para a cultura visual da população, algo que neste momento se está a perder, e que se dá cada vez menos valor. Se cada vez se dá menos valor aos artistas, como é que eu vou construir a minha felicidade? O que é que eu como artista posso esperar de uma cultura e de uma sociedade que cada vez dá menos valor às artes, porque vive cada vez mais e somente preocupada com a sua condição económica e poder de compra?

O mundo não é perfeito; as pessoas que nele estão inseridas são muito imperfeitas, erram e criam com muita imperfeição, por isso é impossível vivermos todos rodeados de felicidade, harmonia e satisfação. O Homem é um ser que nunca está satisfeito nem com o que faz, nem com o que tem, logo o conceito de felicidade é muito subjetivo. No entanto, este é universal quando se fala em dinheiro.

A sociedade continua a evoluir, principalmente em termos tecnológicos, e com essa evolução, o consumismo também vai evoluindo cada vez mais. Será que com este mercado de consumo a arte vai-se perder e camuflar no meio publicitário e tecnológico ainda mais do que já se encontra atualmente? Onde será que se vão situar os que neste momento são jovens artistas plásticos (pintures, escultores, desenhadores, etc.), que estão a lutar por um lugar na sociedade em que não sejam invisíveis? A reproduzir obras de modo a serem objetos de fácil e barato consumo? Onde e por quem será apreciada a arte, quando, cada vez mais a população está de olhos fechados para ela?
Interrogo-me constantemente acerca do modo como haveremos de agir para alterar toda esta situação e penso que talvez só entrando noutra era, utilizando e divulgando o nosso mais profundo ser criativo...