Desde sempre há a distinção entre homens e mulheres.
Antigamente esse facto estava muito mais presente na nossa sociedade, e muita
gente pensa que essa distinção pouco ou nada se nota. Mas não é verdade. Somos
constantemente deparados com essa questão, não lhe damos é a devida atenção.
Temos o caso do cinema, estudado por Laura Mulvey em “O Prazer Visual e o
Cinema Narrativo”. O cinema coloca questões em relação ao modo de ver e ter
prazer pelo olhar. Prazer esse associado à escopofilia, que nasce do prazer de
usar outra pessoa como objecto de estimulação sexual por meio do olhar. Sendo
esse objecto a mulher. O cinema que conhecemos centra a atenção na forma
humana, sendo esta uma fonte de prazer. O cinema satisfaz um prazer, o prazer
do espectador. A mulher é usada enquanto imagem, enquanto que o homem é quem
carrega o olhar do espectador. Sendo a mulher o olhar passivo e o homem o olhar
activo presentes na sociedade. A mulher é preparada para ser a fantasia do
homem, desde sempre esta foi considerada exibicionista, objecto para mostrar. “O
que importa é o que a heroína provoca, ou antes, o que ela representa. É ela,
ou antes, o amor ou medo que inspira no herói ou, então, a preocupação que ele
sente por ela, que o faz agir do modo que o faz, Em si mesma, a mulher não tem
a mínima importância” (Budd Boetticher)
O objectivo do cinema é transportar o espectador para longe,
para um mundo fora do tempo e espaço em que vivem, e a mulher é a peça
essencial para que isso aconteça.
O papel do homem no cinema é meramente exibicionista, ele é
quem controla a fantasia, é quem controla a mulher, ele representa o poder. E é
ele que transporta o olhar do espectador. O espectador identifica-se com o
personagem principal, pois este é algo que o espectador anseia ser mas que não
é.
O cinema cria uma ilusão feita à medida do desejo, sendo por
isso indispensável a figura feminina. É ela que torna “real” o desejo do
espectador. Assim tomamos consciência do facto da mulher ser tomada como
objecto ainda nos dias de hoje. Questões que pareciam ter desaparecido há anos
encontram-se na nossa sociedade, só temos que procurar com um pouco de mais
atenção.