A função educativa dos media tem vindo a aumentar consideravelmente no ultimo século. A era da comunicação chegou, e somos todos vitímas e beneficiarios desta. O grande problema desta é sem dúvida o efeito endoutrinador que pode ter em qualquer um, e que pode ser, por vezes, moralmente incorrecto. A mentalidade de um povo é moldada pela informação que recebe, o que pode ser muito perigoso. Esta é então a responsável mais importante por vários conceitos racistas e sexistas da sociedade.
Numerosos são os anúncios na história da publicidade que estéreotipam pessoas, quer pela sua posição social, sexo ou cor. Nos anos 50, observavam-se inúmeros produtos cujas publicidades ilustravam mulheres cuja única função era servir o seu homem e tratar de sua casa, e o negro como empregado do branco, um fantoche engraçado e ingénuo. Qualquer que fosse o produto, remetia ao mesmo: a superioridade e poder do homem branco, uma vez que era este o comprador.
No entanto, estes conceitos discriminatórios não se encontravam somente nos anúncios, mas eram ilustrados igualmente em artigos de jornais, comentários na rádio e programas de televisão. Roland Barthes refere esta problemática num comentário sobre um artigo da revista francesa Match chamada “Bichon Entre Os Pretos”. Neste artigo contou-se a história de dois franceses que levaram consigo o seu filho de 4 anos, Bichon, numa excursão ao ‘país dos Canibais’. Aqui, esta civilização diferente é ilustrada pelo olhar inocente da criança, que consegue uma aceitação entusiasta por parte dos assustadores comedores de homens. Desde já, o negro equivale ao desconhecido e ao perigo, é um ‘objecto bizarro”. Este é rejeitado pelo branco burguês por representar uma realidade diferente da sua, que o assusta, a não ser que este seja domesticado consoante as leis brancas, que ele considera irrefutáveis.
Hoje em dia, cada vez são mais raras estas demonstrações racistas nos media, pelo menos de forma tão visível. Houve uma evolução na mentalidade do europeu, mas persiste ainda muito esta sua ideia de que o mundo deveria ser estruturado consoante o ideal deste. A internet permite a qualquer um fazer parte das discussões dos media, tendo um papel activo na recepção de informação. No entanto, nunca deixará de ser importante ao emissor de uma mensagem ter cuidado com a informação que transmite, podendo esta assumir aspectos insultuosos ou errados; e o receptor desta, por sua vez, tem de ser extremamente crítico na sua recepção.
“A ciência anda depressa e a direito; mas as representações colectivas não a seguem, têm vários séculos de atraso, são mantidas em estagnação pelo erro pelo poder, a grande imprensa e os valores de ordem.”
- Roland Barthes