Não é a língua que precisa de nós, mas nós que precisamos dela,
nesta busca de palavras e actos em português, que vão da vida à morte.
Precisamos das suas
censuras e elogios, acusações e celebrações, do voo da voz lusitana e da recusa
à sua banalização ou triste esquecimento.
Crescer até ficar a esta altura, não é tarefa fácil e exige
densidade. A arte de não dizer nada que não seja urgente dizer! Falar do mero
humano e chegar ao divino, do próximo ao longínquo, do conhecido ao que falta
conhecer, olhar e ver da fome à abundância, e o entendimento disto.
Mais que palavras serem pedra, árvore, rio e a sua relação
certa e justa com o Homem. Ver o que olhamos com beleza; ouvir o que escutamos
com força, dizer o que falamos com sabedoria e ser o peregrino destes valores e
destes deveres.
E que todos os direitos que sejam perfeitos!
E ser este o nosso triunfo e o nosso espaço. Deixar um
legado de verdade em língua portuguesa. É esse o espanto da Lusofonia!
É este mar de palavras por descobrir, que é português. Aquele
que vê este paradigma quer ver todos os paradigmas. Ser poliédrico é um
pormenor, uma questão de atenção, de sequência de raciocínio e rigor moral e
intelectual.
A história de Portugal e a tradução disso na língua
portuguesa, são as armas e os barões assinados da antiga praia lusitana. Uma
memória do passado feita aliança de um futuro. Algo que atravessa os tempos e
os modos, e aí se inscreveram para a eternidade.
Devemos olhar de frente os obstáculos e a degradação deste
legado, sob a forma de acordo ortográfico, que nega a história e a sua
constituição.