Já não há paciência
Há pouco tempo li um artigo no "Ípsilon" (o suplemento do jornal "Público") de António Pinto Ribeiro que me deu muito que pensar. Para começar, no texto é feita uma comparação entre os programas de culinária e a "grandeza" e "teatralidade que a culinária e os alimentos realmente merecem". Ou seja, nos concursos de cozinha muitas vezes é nos apresentado um certo frenesim e competitividade que, se pensarmos bem , são desnecessários.
Esta pressa não corresponde às ideias apresentadas no quadro de Josefa de Óbidos, "Uma natureza morta com doces e barros", de 1676 ( que neste caso serve de exemplo). Pretende-se transmitir uma "panóplia de sugestões sensoriais" sugerida "pelos folares pascais ali pintados, pelos ovos cozidos, pela tigela de doce de chila, os pães de ló, as queijadas", realça-se o melhor que há na comida. Aqui os ingredientes correspondentes a cada estação são respeitados. É preciso esperar, isso faz com que o aparecimento de um novo alimento seja um acontecimento especial.
Todos os concursos, desafios ou duelos culinários são o reflexo destes ritmos apressados em que hoje vivemos. Sacrificamos, por isso, a qualidade dos produtos e, de certa forma recusamos a paciência que era pedida por muitas destas técnicas e pelos tempos de cada colheita.
Se estivermos atentos percebemos que a qualidade dos produtos está cada vez mais a diminuir, não só no que toca à comida, mas também em tudo o resto: telemóveis, roupa, música,etc.
Tudo é feito com muita rapidez, não se explora nada de novo, "contraria-se a ideia de haver um momento especial", quase que neutraliza o carácter único que certas coisas tinham.
No fundo estas particularidades são contornadas a favor da publicidade ou do dinheiro rápido.
Portanto, nestes programas "Destituídos de alma parecem antes estimular a bulimia, o consumo imparável" deixa de haver espaço para algo de mais puro.
Esta pressa não corresponde às ideias apresentadas no quadro de Josefa de Óbidos, "Uma natureza morta com doces e barros", de 1676 ( que neste caso serve de exemplo). Pretende-se transmitir uma "panóplia de sugestões sensoriais" sugerida "pelos folares pascais ali pintados, pelos ovos cozidos, pela tigela de doce de chila, os pães de ló, as queijadas", realça-se o melhor que há na comida. Aqui os ingredientes correspondentes a cada estação são respeitados. É preciso esperar, isso faz com que o aparecimento de um novo alimento seja um acontecimento especial.
Todos os concursos, desafios ou duelos culinários são o reflexo destes ritmos apressados em que hoje vivemos. Sacrificamos, por isso, a qualidade dos produtos e, de certa forma recusamos a paciência que era pedida por muitas destas técnicas e pelos tempos de cada colheita.
Se estivermos atentos percebemos que a qualidade dos produtos está cada vez mais a diminuir, não só no que toca à comida, mas também em tudo o resto: telemóveis, roupa, música,etc.
Tudo é feito com muita rapidez, não se explora nada de novo, "contraria-se a ideia de haver um momento especial", quase que neutraliza o carácter único que certas coisas tinham.
No fundo estas particularidades são contornadas a favor da publicidade ou do dinheiro rápido.
Portanto, nestes programas "Destituídos de alma parecem antes estimular a bulimia, o consumo imparável" deixa de haver espaço para algo de mais puro.